Era uma vez, alguém - Rosa Inverso Rosa Inverso: Era uma vez, alguém

20.3.20

Era uma vez, alguém

Era uma vez, alguém que sempre gostou de histórias, mas nunca soube escrever a sua, pois não acreditava em uma felicidade eterna, isso sempre soava ridículo quando ela ouvia sobre o quão feliz seria quando determinada coisa acontecesse, isso nunca fez sentido.

IMAGEM: STOCK SNAP.


Quando era criança, todas as pessoas falavam que um dia alguém a amaria de forma incondicional, o quê não era verdade, mas só descobrir isso mais tarde muitos anos depois. Essa ilusão agora certamente  foi umas das mentiras mais cruéis que contaram.

Esse alguém seria qualquer pessoa que alguém já conheceu, mas eu sou a  como a narradora desse conto, história como ou você quiser chamar, provavelmente deveria saber, lamento dizer que ainda não sei, a única coisa que sei é que nem ela sabe, isso não a incomoda mais, pois certamente ela será uma pessoa diferente daqui a um milésimo de segundo.

Ela já foi muitas coisas, mas certamente demorou muitos e muitos anos para se dar conta de quê precisava ela mesma, por mais que ela soubesse que isso seria uma verdadeira guerra, e se alguém não tinha o privilégio de desistir, devia muitas coisas a si mesmo.

Certa vez, em um dia comum uma ideia surgiu em sua mente, como um sussurro sem pretensão de se tornar algo mais, porém ele não era um sussurro qualquer, era algo que sempre fazia ela se questionar a ponto de querer criar uma resposta, era empolgante, mas também era assustador e, ao mesmo tempo, tão vivaz.

Ela então olhou mais além que seu redor e a vida alheia, entrando em um lugar que poucos tem coragem de entrar. A própria escuridão. Não era como imaginava, a solidão não parecia tão ruim, em alguns momentos, é claro, não todos, entretanto, havia algo a ali, que era fascinante, não podia explicar exatamente o que era se parecia com a paz, mas de uma forma diferente, a escuridão parecia ser relativa, o que chegava ser um tanto engraçado. Podia-se enxergar pessoas que ali  foram deixadas pelas decepções e que se tornaram algo novo.

Essas pessoas extremamente familiares sorriam para o alguém de forma carinhosa, tanto que chegava a ser acolhedor, ela sentia vontade de perguntar se conhecia elas de algum lugar, porém depois de algum tempo ela não precisou, uma garota saiu das sombras em meio aos rostos familiares, e se aproximou.


- Achei que nunca viria - informou ela.- A maioria nos nega.

O alguém encarou a garota e percebeu que se tratava dela mesma, era uma situação estranha uma mistura de medo e alívio.

- Eu sei disso - respondeu a si mesmo. - Por isso vim, precisava conhecer aqui, tudo aqui foi proibido para mim, eu odiei fingir não  entende-los.

- Você ainda não entende, não precisa, só princesa entender que somos uma parte necessária assim como todas as outras e precisa nos perdoar. Somos parte de você.

A menina ouvindo suas próprias palavras, se lembrou da infância mais uma vez, onde nos contos de fadas, a bruxa má sempre parecia insignificante em alguns momentos, todo mundo fazia questão de gostar da mocinha, princesa ou príncipe encantado, o que torna tudo mais fácil e injusto, já que ninguém percebe (ou não quer) é que a princesa e a bruxa são necessários para a história se desenvolver, nenhuma das duas segue sem a outra. Tudo era um equilíbrio.

Houve um silêncio e as duas partes se abraçaram, não foi algo fácil de ser feito, foi algo extremamente dolorido, mas pela primeira vez a menina você sentiu completa, não precisava esperar por nada nem ninguém, sentia vontade de sair e olhar para horizonte, esperando para ser o próximo alguém que seria.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

© Rosa Inverso - 2018. Todos os direitos reservados.
Criado por: Brisa Scalabrini.
Tecnologia do Blogger.
imagem-logo