Era uma voz silenciada que ninguém ouvia, mas todo mundo sabia que existia.
Na quietude de memórias infantis, havia algo maior e mais poderoso, ou melhor, alguém, guardado a sete chaves, que se libertava aos poucos e surgia junto às sombras.
Não era um herói ou um vilão, certezas não haviam, tudo que restava era sua pureza e seu conforto destruído.
Mas ainda assim, tudo parecia tão grande, de alguma forma, completo e desafiador, exatamente como um céu azulado. Era imenso, infinito, mas não imutável, e às vezes múltiplos.
Uma criatura que se transforma diariamente nas sombras e nas cores, buscando sua própria imensidão e também se afogando nela. Isso era tudo que ela tinha.
Mas isso não podia ser tudo pra sempre, não é? Se fosse, seria um sonho, daqueles que a gente se recusa acordar, porque sabe que essa sempre vai ser a parte mais difícil. Mudar sempre vai ser doloroso, e por mais que nós não tenhamos consciência a dor sempre aqui vai estar, nos obrigando a mudar, como um ultimato, que se repete.
Até o final.
Até o final.